Entrevista-


 A atriz falou sobre suas peças, filmes e suas participações na TV, como no programa A Liga, da Band. Ao final da entrevista senti com o dever cumprido ao ouvir “Nossa! Você estudou sobre minha vida, hein?”. E depois de assistir a peça, virei fã confessa do trabalho dela no teatro. Confira a entrevista com a atriz Rosanne Mulholland:
Foto: Filipe Malosá
POUCAS E BOAS DA MARI – Rosanne, começo a entrevista falando de Louise Valentine, monólogo com direção geral de Felipe Vidal, inspirado na atriz americana dos anos 20, Louise Brooks e em Valentina, personagem de história em quadrinhos italiana dos anos 60. Você é a stand-in da atriz Simone Spoladore. Como foi o convite para participar do espetáculo? Essa não é a primeira vez que você trabalha com o Felipe.
ROSANNE MULHOLLAND – Eu já tinha feito uma peça com o Felipe há alguns anos, era uma peça chamada O Mundo Maravilhoso de Dissocia, a gente ficou em cartaz no Sesc, lá no Rio (de Janeiro). Louise Valentina tem pequenos filmes que passam durante a peça e participei de um deles com a Simone em São Paulo. Quando ela teve um problema de agenda, o Felipe me ligou e perguntou se eu podia. Falei: “ah, vamos lá”. (rs) Na verdade, primeiro falei assim: “Não estava pensando em fazer um monólogo agora”. (rs) Nunca tinha ficado sozinha no palco, me deu um gelo na hora que ele me convidou. Ele disse: “Você dá conta, tem os filmes, vamos lá”. Aceitei! Ensaiei rapidinho…
PBM – Então não foi durante o processo de ensaio da Simone que você foi convidada?
R.M. – Não, a peça já estava pronta quando cheguei e tive que ser bem rápida para “pegar” tudo e poder fazer.
PBM – Já que você falou sobre seu nervosismo ao ser convidada para fazer o monólogo… A tendência do público é observar bem mais o ator em cena. Há mais cuidado ao se fazer um monólogo por causa dessa observação mais direta ou esse cuidado independe da quantidade de atores no espetáculo?
R.M. -Não! Cuidado é o mesmo que tenho com qualquer papel, só que dá mais trabalho. Você não tem outra pessoa para dividir a responsabilidade, para ajudar se acontecer alguma coisa. Não tem ninguém para salvá-la ali, tem que “se virar”. O cuidado é o mesmo de sempre, a responsabilidade talvez seja maior.
PBM – Além de dança, o espetáculo combina alguns elementos das artes visuais e do cinema. Você acredita que a tendência do teatro é essa: inserir tecnologias como complemento das cenas? Ou não? É puramente uma questão de estilo da direção?
Foto: Filipe Malosá
R.M. – Cada vez isso vai acontecer mais e mais, mas, também não acho que será sempre assim. Sempre vai existir o teatro tradicional. Quanto mais possibilidades a gente tiver melhor e é isso que vai acontecer. A gente vai ter mais possibilidades e mais coisas serão inseridas e misturadas. A diversidade é sempre importante.
PBM – Você gosta dessa mistura de artes?
R.M. – Eu gosto! Essa peça é bem bonita. Quando assisti com a Simone já tinha ficado encantada, mas não digo que seja minha preferência. Tem tantas peças tradicionais que são incríveis, não consigo pensar qual estilo que gosto mais. Gosto de bons espetáculos.
PBM – Com certeza!
PBM – Você fez um travesti em A Inevitável História de Letícia Diniz. Apesar de serem histórias totalmente diferentes, quando li sobre a peça, lembrei-me do filme Transamerica, estrelado pela atriz Felicity Huffman. A atriz do filme fez um transexual e você, um travesti, porém as duas são mulheres. Como foi fazer um homem, que se veste de mulher, sendo uma mulher? É a desconstrução do seu ser, para construí-lo novamente.
R.M. – Vou dizer que fiquei bem confusa com isso que você colocou (rs). Não sabia se primeiro tinha que virar um “homem”, para depois fingir ser uma mulher, não sabia muito bem qual caminho que escolhia. E na verdade acabou sendo mais simples do que tudo isso. Um travesti faz sempre um esforço para ser uma mulher, existe sempre um esforço para mostrar que é uma mulher, que nós como mulheres não precisamos fazer nenhum. Esse caminho me ajudou bastante. Claro que procurei algumas sutilezas masculinas para compor a personagem, mas essa personagem, a Letícia, especificamente, é um travesti que é muito feminino, é aquele que anda na rua e ninguém vai imaginar que é um travesti. Também era muito complicado eu não parecer totalmente uma mulher. Não podia ser tão simples, mas também não era para ser uma coisa muito afetada. Então, trabalhamos até chegar a um ponto que eu e o diretor, Marcelo Pedreira, gostamos. Foi bem divertido, dá muito trabalho, conversei com muito travesti, vi muitos depoimentos, inclusive entendo esse universo de outra forma agora. Sempre achei que fosse uma pessoa liberal, que não tivesse preconceito em relação a essas coisas, mas o que a gente sabe sobre esse universo de uma maneira geral é muito pouco. Descobri muita coisa interessante nessa pesquisa.
PBM – Você sempre faz pesquisa, laboratório para compor suas personagens?
R.M. – Depende bastante. Por mais que eu escolha fazer um laboratório, uma coisa importante para mim é no final do dia voltar para casa e viver como Rosanne.
PBM – Tocarei nesse assunto em outra pergunta.
R.M. – Não me imagino por causa de uma personagem morar em um lugar onde ela moraria, viver uma semana fazendo todas as coisas que ela faria. Posso até passar o dia, mas à noite, eu preciso ir para a minha casa, deitar na minha cama, falar com a minha família, qualquer coisa, mas preciso voltar a minha identidade.
PBM – Vou fazer a minha pergunta que se encaixa nesse assunto. Vamos falar de cinema e confesso que sou muito sua fã.
R.M. – Que bom! (rs)
PBM – Citando alguns exemplos de filme que você fez, em Falsa Loura, uma proletária, em A Concepção, uma garota que vive novas experiências, em Meu Mundo em Perigo, uma mulher com problemas, em Nosso Lar, uma menina que questiona a própria morte. É fácil desligar das personagens após mergulhar no universo delas?  Porque todas essas personagens que citei, a carga de energia é muito forte, é muito pesada.
Foto: Filipe Malosá
R.M. – Vou falar que já aconteceu de me confundir um pouco. (rs) Nada grave, mas você passa muito tempo na energia daquela personagem, ai está em casa, quando vê falou de um jeito mais ríspido, por exemplo. Opa! Acho que isso não é meu, acho que é da personagem X. Tudo é como uma brincadeira, na verdade. Você vai lá, faz seu trabalho, se diverte, mas tem que ter uma hora que… dá uma respirada, pelo menos para mim. A Concepção foi muito forte; talvez por ter sido o meu primeiro filme de mais destaque, foi muito intenso, a nossa preparação foi muito intensa. Vivíamos situações de exposição que para mim eram muito novas. Fazíamos laboratórios, saímos na rua fingindo ser o “concepcionista”, falando com as pessoas,  fazendo coisas que não vivia. Alguns dias, os atores se juntavam, dormiam no hotel e ficavam como “concepcionistas” o tempo inteiro. Eu falava: “gente, pelo amor de Deus, vou embora, depois a gente se vê”. (rs) Cada um tem um jeito que prefere, não tem uma única forma para todo mundo, cada um tem a sua maneira de viver tudo isso.
PBM – Assistir A Concepção foi intenso para mim, imagino para vocês que vivenciaram isso…
PBM – Uma entrevista sua sobre o filme Nosso Lar me chamou a atenção.
R.M. – O que será que eu falei? (rs)
PBM – Para o site UOL, em 2010, você disse: “nesse filme a imersão é mais intensa do que nos outros, porque a gente vai para outra dimensão. Tudo é tão diferente, as roupas, os objetos…” Achei, por exemplo, que fazer a personagem de A Concepção fosse muito mais intenso. Não foi?
R.M. – Às vezes me expresso mal, talvez esses “outros” não seriam os outros filmes, não sei exatamente com o que comparei, mas não que tenha sido mais intenso que os outros filmes, não é por aí. O que seria diferente dos outros é que você está em um mundo paralelo, que é diferente de tudo o que já tinha feito e lidar com a morte é pesado também, difícil. No caso dessa personagem, que não estava bem resolvida em relação a isso, era um conflito. Não vou entrar no mérito do espiritismo, mas para a gente que está aqui vivendo essa vidinha é muito surreal imaginar “eu morri”. Então, têm umas especificidades desse trabalho, mas eu não compararia com os outros não, é diferente na verdade. Cada personagem tem seu peso, sua intensidade.
PBM – Há características da Rosanne nas personagens? Ou não, pois elas são diferentes de você?
Foto: Filipe Malosá
R.M. – Procuro sempre, tentar pelo menos, criar diferenciações, mas um pouco sempre leva. Sou eu, né? E sempre vou ser. Quando estreei A Concepção, em Brasília, uma amiga de infância disse uma coisa bem interessante… Não sei se foi A Concepção na verdade, talvez… ela disse: “eu consigo diferenciar todas suas personagens uma das outras, mas nenhuma delas consigo diferenciar de você”. Quem me conhece me vê em tudo. Não tem como se distanciar completamente, até porque a gente trabalha com as nossas histórias, com os nossos sentimentos, nosso corpo.
PBM – Já que falou de A Concepção, você tem uma relação profissional intensa com o diretor José Eduardo Belmonte. Como é trabalhar com ele?
R.M. – Eu sou suspeita, né? Ele praticamente “me criou” dentro do cinema, comecei com ele. Digamos que ele me ensinou a ser uma atriz de cinema.
PBM – Então foi uma ótima criação, afinal, você tem mais de 10 filmes na carreira.
R.M. – Mas foi. Nunca tinha feito cinema antes dele. Meu primeiro curta foi com ele, não foi meu primeiro longa, mas foi o longa que mudou a minha vida, que me inseriu no mercado de trabalho, foi com ele. O Zé é um diretor que gosta do ator, desenvolve um método de trabalho com os atores, então é muito especial sempre fazer um trabalho dele. Ele se interessa por dar desafios para o ator e junto chegar a um resultado, ele se diverte com tudo isso. Então é muito gostoso.
PBM – Rodrigo Santoro e Alice Braga são dois atores que seguiram carreira no cinema e hoje atuam em longas internacionais. Com sua extensa carreira em filmes nacionais, já pensou em trabalhar fora do Brasil?
R.M. – Então, essa questão é um pouco complicada para mim, porque é muito difícil eu entrar no mercado americano como uma atriz brasileira, não tenho cara de brasileira, ou pelo menos não tenho a cara da brasileira que eles imaginam. Como americana também é complicado porque tenho sotaque, até falo inglês bem, mas tenho sotaque, nunca morei lá. Então, quando eles procuram uma atriz brasileira, já até fiz um teste…
PBM – Sua família paterna é norte-americana, né?
R.M. – É! Não sou latina suficiente para eles, entendeu? Não sei, acho que teria que mudar para lá, investir em uma carreira lá e não quero não. (rs) Quero morar aqui! Quem sabe eu dê uma sorte e “pague a língua”, mas a principio o que tenho percebido dessa situação para mim é isso. Não estou criando muita expectativa.
PBM – Nos filmes têm os preparadores de atores. É necessário ter um preparador?
R.M. – Depende. Tem diretor que gosta de ter um preparador, às vezes não sabe lidar tanto com o ator ou prefere se preocupar com outras coisas. A preparação é importante, se vai ser com preparador de elenco, com o diretor, enfim, com quem quer que seja, não importa tanto. Mas a preparação é muito importante, porque pelo menos os filmes que eu fiz com preparação, estive muito mais à vontade no set, me sentindo mais à vontade com os atores, já sabendo qual era a minha função, com as relações já estabelecidas. Eu acho mais gostoso, gosto da preparação.
PBM – Quando você fala em preparação é quando tem um profissional?
R.M. – Não, não, às vezes o diretor faz a preparação. Aí é que tá, para mim é importante ter a preparação, agora se vai ser com um preparador de elenco ou com o próprio diretor, não importa. Já fiz filme sem preparação também, mas prefiro ter.
PBM – Você participou de algumas novelas na TV, como por exemplo: Sete Pecados, na Rede Globo, e Água na Boca, na Rede Bandeirantes. A impressão que tenho é que no cinema e no teatro, o ator tem mais liberdade em cena do que na TV. A TV inibe a atuação do ator? Ou essa minha impressão é equivocada?
R.M. – Pergunta boa essa! Não sei muito dizer, o que tenho a dizer é sobre a minha experiência. Para TV, você tem que estar preparado sempre. Entrou para fazer sua primeira cena, com uma pessoa que nunca viu, você tem que fazer muito bem. Por exemplo, a questão da preparação não existe, que é uma coisa que eu gosto. Então, você tem que estar disponível, preparada e se “colocar para fora” sempre desde o início. Eu tenho um tempo mais lento (rs), sou meio tímida, gosto de conversar e entrar nas coisas aos poucos, então para mim é difícil. Agora, tem gente que faz com muita facilidade. Essa novela na Band foi muito boa, porque entendi muita coisa ali, aprendi muito com essa novela, eu gravava muito. Foi ótimo ter feito! Mas o que vai mais de acordo com a minha natureza, com o meu temperamento é o cinema mesmo.
PBM – Eu conhecendo você agora, nunca iria vê-la como Silmara (personagem do filme Falsa Loura). Jamais! (rs)
R.M. – Nem eu sei como fiz aquilo! (rs)
PBM – Ficou muito bom e verdadeiro. Você acha que a televisão daria essa abertura para você?  Daria uma personagem como a Silmara?
R.M. – Poderia dar algum dia, mas teria que fazer um monte de papéis muito interessantes antes para eles confiarem que eu daria conta. Eles começam encaixando você onde é mais óbvio. Mas muita gente no cinema faz isso também, não é qualquer diretor de cinema que me daria a Silmara para fazer. Dei muita sorte do Carlão (diretor Carlos Reichenbach) ter acreditado. O cinema também tem um tempo de preparação, na televisão acho que é mais difícil você chegar com um personagem tão diferente. Como falei, você chegou, gravou. O máximo uma conversa com o diretor antes, não tem tempo de errar. Quando a gente se prepara em cinema, ensaia para o teatro, a gente tem tempo de errar,  pode errar bastante até a coisa dar certo, a TV não. Deve ser por isso que eles se sentem mais seguros escalando dessa maneira.
PBM – Existe essa divisão: “eu sou ator de cinema”, “eu sou ator de teatro”, “eu sou ator de televisão”? Ou o ator tem que ser completo?
R.M. – Cada um pode escolher o seu caminho. Você fazer todas as coisas é muito enriquecedor, porque no teatro, eu trabalho um tipo de interpretação, trabalho personagens diferentes, tem um processo de ensaio diferente do que é no cinema, que é um processo diferente que eu vou ter na televisão, que vou aprender fazer as coisas com mais rapidez, vou ganhar uma agilidade que de repente no cinema não tinha. No fim tudo se complementa. A Glória Pires fez televisão a vida inteira, nunca fez teatro, fez alguns filmes e quem vai dizer que ela tem que fazer teatro?
PBM – De atriz a repórter. Você participou da primeira temporada do programa A Liga, da Band. E decidiu encerrar sua participação por aí. Foi uma experiência que a tirou da zona de conforto?
Foto: Filipe Malosá
R.M. – Com certeza! Inclusive foi bem em uma época que eu estava me propondo a sair da zona de conforto, querendo alguma coisa diferente. Daí surgiu esse teste para ser repórter e eu nunca achei que ia servir para ser repórter. Tinha uma amiga em Brasília, que ela era repórter do SBT e falava super bem. Eu falava para ela: “Ai Fernanda, nunca vou fazer isso, não tenho a menor condição“. Enfim… surgiu esse teste para A Liga, conheci o diretor do programa, ele me explicou a proposta. Realmente é um tipo de repórter diferente, não precisava estar ali segurando um microfone, ou sorrindo, ou falando algo pré-fabricado, eu podia ser eu mesma, aliás, eu devia ser eu mesma naquela situação, perguntando o que gostaria de perguntar para aquelas pessoas. Óbvio que a gente tinha um roteiro, mas a gente tinha muita liberdade e não precisava fingir que não estava me emocionando, por exemplo. Tudo isso fazia parte, mostrar o que estava sentindo, o que estava vendo. Então, acho que deu certo por isso.
PBM – Era um cinema da vida real.
R.M. – Mais ou menos por ai. E acabou que eu vivi coisas muito interessantes. Vivi situações, conheci lugares, pessoas que, imagina…
PBM – Tem alguma história que marcou você?
R.M. – Têm várias, não dá para pensar em uma, porque têm coisas bem fortes mesmo. A necropsia que assisti foi super forte, nem preciso explicar o motivo. Mas também ver uma família que não tem o que comer, onde as crianças comem arroz e o irmão mais velho deixa de comer o segundo prato, porque a irmã de cinco vai querer, é muito triste. Por mais que você saiba, leia no jornal que essas coisas acontecem, quando você está nessa situação é muito diferente. Acho que a gente se acostumou a ler tragédia no jornal, virou situação do dia-a-dia, virou natural. A gente não sente mais. Foi bom ter visto, ter falado com as pessoas, eu me senti mais humana de alguma forma.
PBM – Eu já tive essa experiência e não é nada bacana.
R.M. – Nada bacana mesmo. Ver as pessoas morando naqueles barracos, com as coisas entulhadas, não fervendo a água, porque vai gastar gás. Nossa, é muito duro! Tem outra história também: o cara que limpa esgoto. Cara, que trabalho é esse? Na rua agora quando vejo os caras limpando o esgoto, eu penso: “Vai lá, amigão! Boa sorte!”. Ainda bem que eles existem, porque se não ia ser tudo uma bagunça, uma porcaria a cidade. Mas realmente é um negócio complicado.
PBM – Por que você decidiu sair do programa?
R.M. – Porque eu não consegui conciliar com a minha carreira de atriz, eu ia virar repórter e essa nunca foi minha vontade.
PBM – E sua formação também é psicologia, né?
R.M. – Pois é! (rs) Mas foi ótimo ter vivido essas coisas, como experiência foi ótimo.
PBM – Para finalizar, há novidades ainda para esse ano que você pode adiantar para os leitores do Poucas e Boas da Mari?R.M. – Tem o filme do Carlos Gerbase, que chama Menos que Nada. Eu vou filmar com Belmonte no final do ano. Enfim, algumas coisas em aberto. Nunca sei o quê dizer nessas horas. Têm aqueles filmes que a gente vai filmar em julho, depois passa para setembro, depois passa para novembro. Prefiro parar por aqui.
PBM – Você fica ansiosa  quando um filme seu vai estrear?
R.M – Acostumei, sabia? No começo muito. Filme tento esquecer depois que eu filmei, tem um momento ou outro que você pensa “como é que ficou aquilo?”, “será que ele vai usar aquele ?”, “será que aquela cena?”. Mas já não sofro mais.
PBM – Em momentos da nossa entrevista, você disse que era tímida… isso, porque iria finalizar a entrevista (rs)… Mas em muitos de seus filmes, por exemplo, você trabalha com sua sensualidade, com nudez. Como é isso para você sendo uma pessoa tímida? É muita exposição, não é?
R.M. – É! (rs) Confesso que quando estreou A Concepção, no Festival de Brasília, eu não conseguia levantar da cadeira de nervosa. Estava muito nervosa, mas acho que faz parte do trabalho do ator, se está dentro da proposta do filme é importante para a história que está sendo contada. No caso de A Concepção, não dava para fazer embaixo do cobertor, não tinha sentido a gente falar sobre identidade, falar de quebrar as regras, de drogas, de liberdade sexual e tudo, seria hipócrita e o filme não era para ser hipócrita. Há alguns filmes que pedem, sei lá, me dispus a me desafiar e a fazer. Mas não é fácil.
PBM – Inclusive Louise Valentina tem nudez.
R.M. – Tem! Mas é tranquilo na verdade. No começo tem uma coisa dentro da caixa, que é uma posição meio estranha, não dá para ver muito, têm os filmes, que não é completamente nua, mas é uma coisa erótica, tem um vestido meio transparente. Não tem muito não. No palco é engraçado, porque dá certo poder também: “vocês não têm coragem!” (rs) Esse raciocínio me ajuda com a personagem, ela “se acha” um pouco. Eu tenho que arrumar um caminho que me deixe tranquila, que me leve para perto da personagem e que eu não pense em nada disso.
PBM – Então tá certo! Obrigada!
R.M. – De nada!

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